Deixa eu ser teu parasita constante
E hospedar-me em teu corpo gratuitamente.
E assim consumir-te por inteira,
Pouco-a-pouco...vagarosamente.
Deixa eu ser teu poeta devasso, teu amante,
E ostentar teu gôzo nos meus versos mais delirantes.
E proclamar aos velhos lençóis da tua cama açoiteira,
Teu mais novo tecido aconchegante.
Deixa eu ser tua erva-de-são-joão,teu anticoagulante
E percorrer tuas artérias num rápido instante.
Aniquilando teus coágulos,descongestionando tuas veias entupidas
E restaurar teu coração abrasante.
Deixa eu ser teu rei,teu candidato à presidente
E governar o país do teu corpo anarquicamente
E mesmo sem ter cumprido um terço das promessas deferidas
Ainda assim, reeleger-me unanimemente.
Deixa eu ser teu capitão , teu almirante
E manejar o leme da tua nau pelos mares mais revoltantes,
Para depois de todos os mares e oceanos ter vencido,
Ancorar tua embarcação na ilha dos náufragos amantes.
Deixa eu ser teu deus caduco,teu herói decadente
E atender às tuas preces hediondas adulterantes
E socorrer-te quando não houver ameaça ou perigo,
Pois,apenas para que não esqueça-me de repente.
Deixa eu ser tua coca-cola,teu refrigerante
E corroer teu viciado orgão regenerante
Que anseia por mim à cada gole,à cada trago,à cada sorvo...
E anunciar em tua gastrite meus açucares e acidulantes.
Deixa eu ser teu bruxo,teu vidente
Enfeitiçar teu corpo,tuas vísceras,tua mente,
Sem perceber que enquanto te encanto ... te consumo...te absorvo...
E nada fazes para revogar, pois é em mim que tu encontras alívio nos teus momentos mais angustiantes.
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