English French German Spain Italian Dutch
Traduza-me em sua língua e versifique-me em tua boca.Sinho Livre

Parasita


Deixa eu ser teu parasita constante
E hospedar-me em teu corpo gratuitamente.
E assim consumir-te por inteira,
Pouco-a-pouco...vagarosamente.

Deixa eu ser teu poeta devasso, teu amante,
E ostentar teu gôzo nos meus versos mais delirantes.
E proclamar aos velhos lençóis da tua cama açoiteira,
Teu mais novo tecido aconchegante.

Deixa eu ser tua erva-de-são-joão,teu anticoagulante
E percorrer tuas artérias num rápido instante.
Aniquilando teus coágulos,descongestionando tuas veias entupidas
E restaurar teu coração abrasante.

Deixa eu ser teu rei,teu candidato à presidente
E  governar o país do teu corpo anarquicamente
E mesmo sem ter cumprido  um terço das promessas deferidas
Ainda assim, reeleger-me unanimemente.

Deixa eu ser teu capitão , teu almirante
E manejar o leme da tua nau pelos mares mais revoltantes,
Para  depois de todos os mares e oceanos ter vencido,
Ancorar tua embarcação na ilha dos náufragos amantes.

Deixa eu ser teu deus caduco,teu herói decadente
E atender às tuas preces hediondas adulterantes
E socorrer-te quando não houver ameaça ou perigo,
Pois,apenas para que não esqueça-me de repente.

Deixa eu ser tua coca-cola,teu refrigerante
E corroer teu viciado orgão regenerante
Que anseia por mim à cada gole,à cada trago,à cada sorvo...
E anunciar em tua gastrite meus açucares e acidulantes.

Deixa eu ser teu bruxo,teu vidente
Enfeitiçar teu corpo,tuas vísceras,tua mente,
Sem perceber que enquanto te encanto ... te consumo...te absorvo...
E nada fazes para revogar, pois  é em mim que tu encontras alívio nos teus momentos mais angustiantes.

APRENDI TÃO POUCO




Aprendi tão pouco com esses homens loucos
Que trafegam com seus belos carros
Pelas largas avenidas.

E com seus queridos filhos
Que em companhia de outros filhos e cachimbos
Tumultuam escolas e esquinas.

Aprendi a caminhar sozinho
Apesar de minha vizinha
Insisistir , que me deu uma "mãozinha".

Aprendi  também que sem você,
Não há nada para mim lá fora.
Mas esperei tempo demais,
E o sol continua nascendo como nos outros dias.

Não houve eclipse,nem degelo
Nem desfez-se a maresia.

Você é meu narcótico
Meu martini,meu alucinógeno
Minha cocaína.

Que me entorpece
E transforma minha vida em calmaria.

Mas não me falte à noite,
Mas não me falte de dia.