English French German Spain Italian Dutch
Traduza-me em sua língua e versifique-me em tua boca.Sinho Livre

A profecia


Se me queres para ti,
Algo terás que (me) dar.
Se (me) ofertares teu coração,
Prometerei não decepcionar-te.
Mas se acaso (me) negares,
Partirei para nunca mais voltar.
Pois tu fostes para mim,
O que é o sol para esta terra.
Ao mesmo tempo que a aquece,
Também a fere com seus raios.

"Mas como o sol não é eterno
pois sei que um dia ele se apagará
e levará consigo os seus raios..."

Enquanto não se torna realidade essa profecia,
Já terei vivido a minha vida.
E esta dor que agora me castiga,
Em mim se perpetuará.

Loucura ou ansiedade?


Na loucura dos homens,
Como se explicam os loucos?

Na garganta, trancados a sete chaves,
Os seus gritos roucos.
Seus pensamentos lúcidos na mente escondidos.
As roupas novas que não vestem
O banho do dia-a-dia que não tomam.
O pranto escondido na insanidade...
Não importando assim cor, nem idade,
São loucos mesmo, de ansiedade.

Homenagem ao velho marinheiro


- Senhores, compreendam-me!
Recuso-me a seguir.
Não pretendo desfazer-me de meu fiel silêncio
Para evocar convosco insonoros gritos.
Quero gozar a vida futilmente,
Requisitando amores em meus delitos.
Após ter vivido minha era de grandes conquistas e grandes glórias,
De ter cruzado todos os oceanos e grandes mares,
Ter desbravado as mais densas e atlânticas matas,
Desafiado os mais inóspitos e áridos desertos,
Ter tido sempre a alma, o rosto e o corpo expostos...
E de tanto ter deixado o coração descoberto...
Sinto que agora trago em mim somente detritos.
Devido a tudo isso, repito:
- Recuso-me a seguir!

Esterilidade


No pomar da vida,
Não apanhei a maçã desejada
- Tinha uma metade apodrecida
E outra, acreditem, insípida.
Outras vezes,
Colhi outras várias maçãs do mesmo velho pomar,
E eram essas outras várias, sempre as mesmas.
Exasperado,
Desejei que secasse o velho pomar.
Inopinadamente,
Secou o velho pomar...
Como se ele atento me escutasse
(e por vingança, me privasse de seus frutos podres ... sem nenhum sabor).
Pensei, então, ter-me equivocado.
E ao invés da sequidão do velho pomar,
Um pomar novo e saudável
Tivesse eu desejado.

À espera...

Há muito tempo,
E por muito tempo.
Soube aguardar convincentemente
O dia em que mudaria as coisas ao meu redor...
E confiei-me a isto,
Como quem faz promessas à Deus
Com a certeza que irá cumprí-las.

Essa ideia arraigou-se em mim tão fortemente
Que intervenção cirúrgica alguma
Seria capaz de extraí-la de minha tímida mente.


"Mas o tempo é doença que assusta."

Arranca da juventude toda a força bruta,
Debilitando a forma do corpo robusto de outrora.
Passam-se os anos como passam-se as horas
E o tempo, carrasco de nossos sonhos,
Exerceu sobre mim também sua força sem demora,
Golpeando-me impiedosamente com seu cutelo

Meu corpo,
Então logo envelhecido,
Tornou-se árido e infértil,
Fraco e obsoleto.
Devido a tantos traumas na vida adquiridos,
(a vida nos fornece tantos traumas),
Encontra-se hoje comvalecido.


Qualquer cristal de gelo,
Por mais minúsculo que seja,
Tem o poder de congelar-me a alma.
- Quem sabe somente assim a morte eu protelo.
Não desejo viver para sempre,
Pois ninguém seria tolo o bastante
De desejar a eternidade para si somente.
Pois descobri que o amor pelas coisas e pelos homens
Tem lá o seu prazo de validade.
É como tentar manter uma falsa amizade:
Se um dia falta-lhe a oferenda,
Cessa-se a amabilidade.


Descobri, também,
Que Deus e o destino usam sempre das mesmas táticas.
E que o diabo e a solidão
Se apresentam sempre de mãos dadas.


Mas ainda trago comigo essa deslumbrante esperança,
Que sob a óptica divina, aprimora a existência humana.
E surpreende a reis e tiranos,
E devolve toda a beleza do mundo ao estamagado poeta,
Renovando-lhe a velha silhueta.


Mas a esperança apenas não basta
Para (eu) mudar as coisas ao meu redor.
É necessário evocar outras forças,
Aderir à novas teorias,
Reunir uma nova casta
De poetas, de amantes,de aletófilos...
Pois sozinho e sem alegria,
É tão difícil ter de caminhar por dois.


Proponho reestabelecermos velhos pactos,
Reiventar estratagemas e novos metódos persuasivos.
Promover novas revoluções
(que abarquem os desamados).
E, finalmente,
Pleitear com os vossos advogados
Um novissímo contrato.
"Bem,
proposta imposta.
espero repostas,
sozinho não posso ir longe.
Tenho o barco, mas necessito da tripulação.
Tenho a oração, mas necessito do monge".


Ora, pois,
Já não tenho mais disposição para sofrer,
Não consigo mais restaurar-me tão facilmente como antes.
É verdade que continuo não tendo medo que me abatam,
Mas agora tenho medo de ir à luta e não vencer.


Surgiu no meu coração uma imensa fissura,
Sinal de uma provável erosão
Que vem me assoreando o peito há dias.
(Aí está a real causa da minha dor).
É uma dor estranha, esquisita, confusa...
Vem temperada de um leve exaspero,
É um flagelo que o corpo recusa.
Mas quando falta, me desespero.


É difícl acreditar,
Que a dor, como o homem, também envelhece.
Mas, diferente do animal,
Que tem seu tempo de vida pré-determinado
E isso independe de ser bom, de ser mau,
A dor nem sempre desaparece.
E há dor que acompanha um homem por toda uma vida.
Até mesmo diante do poder de todas as preces...


"Ó Deus, remova minhas dores se puderes."

Adeus à mocidade

Link da imagem ilustrativa
http://setorsete.blogspot.com/
Caros amigos,
Também já fui moço.
E por conseguinte,
Já acreditei na mocidade.
Em seus propósitos políticos,
Em suas ideologias
E em sua idoneidade.

Hoje, resignado,
Não sou mais que uma murcha flor
Em um vaso abandonado,
Esperando ser removida.
Ou posta ao Sol,
Esperando ser...
Regada.
Fartei-me de tantas promessas,
De tantas farsas.
Meu olhar penetra na falsa pele
E revela-me o prazer das maquiagens.
Tudo em mim causa desconfiança,
Do sacrifício ao alcance da glória.
Em mim, tudo passa,
Nada permanece.
E por mais que as emoções me dominem...
Meu corpo é um recôndito de velhas mobílias.
E o meu coração é pacato e dócil, não trepida jamais.
Não compreende mais revoluções nem .
E quase se exaure de tanta monotonia.
Mas se surgem batalhas,
Ah!... se surgem batalhas...
Ele logo se metamorfoseia em praga
E perde toda a calma acumulada.
Já não aceita as derrotas.
Então adere a todas as revoltas,
Num breve anseio de reconhecimentos e conquistas.
Mas logo ao término dos confrontos
Volta a dormir profundo,
Chegando, às vezes, a confundir
Vivos e defuntos.

Sinais sutis do abandono da fé e da razão

Abandonei de vez a razão.
Já não reconheço mais minha lucidez,
Pois minha insanidade a estrangulará.
Existem, como eu,
Tantos homens na vida frustrados.
Talvez, por terem em solo infértil a sua fé semeada;
Talvez, por terem tido regularmente suas miseráveis vidas saqueadas
- Gerando, assim, frustração ao ser...
-Gerando, assim, comoção e dor na alma.

Hoje é preciso mais que um simples aparato de investigação
Para encontrar em mim esperança.
(desculpem-me os fundamentalistas...)
Mas a vida há muito abortou-me.
Aliás, amigos...
A vida mais que abortou-me,
Ela convenceu-me de minha inaptidão.
Mas devo admitir
Que nunca fui mesmo um bom vivente
- À toa, por muitas vezes corri perigo...
- À toa, por muitas vezes feri meu coração...
Tenho a consciência de quanto é breve a vida humana
E que às vezes, a mesma dura uma noite de sono apenas.
Todo homem é um poço raso de ideias profundas
Que quase sempre não suporta tanta água,
Deixando sempre transbordar a fonte.
Sinto-me sempre tão distante das coisas e dos homens...
Sinto-me como cria sem criador,
Ou talvez seja isso o que realmente sou
Uma vírgula mal acrescida...
Uma cena teatral mal representada.

Assim sendo,
Tornei-me inconstante por sugestão do vento.
E por sugestão do tempo,
Aprendi a apreciar não ser notado.
Mas parece que o mundo se ergue contra mim a cada instante
- Vem o vento, me enche de terra os olhos...
- Vem a chuva e me afoga os brônquios.

Não sei o que mais me aflige nesse momento:
Acusar a Deus incessantemente
Ou, nas noites frias de solidão,
Amá-lo secretamente.
Fartei-me de tudo nesta vida:
Dos falsos amigos, dos falsos amantes,
Dos sorrisos sem graça gargalhando por nada,
Das flores em meu jardim à espera de água,
Da fé em Deus ainda em mim retida.

O homem é realmente um animal eternamente descontente,
Está sempre em ebulição.
Não passa de um inapto amante,
Um inexato sacristão,
Sempre pronto a abandonar suas preces
Em troca do alívio rápido da dor.
E para se promover na palestra das vãs espécies,
Delata a si mesmo num célere instante.

Restam-me duas verdades apenas;
-Que a grama nasce somente aonde lhe agrada a terra.
- E que se não fosse a morte sempre por perto,
A vida em nada nos interessaria.

Repetição

link da imagem ilustrativa
http://poetarobsonanderson.blogspot.com/
Eu não consigo imaginar
O que aconteceria então,
Quando um dia
Seus seios repousarem em minhas trêmulas mãos.
E seus mamilos, tão logo contraídos,
Pelo frio toque de minha língua umedecida,
Implorarem, mais uma vez...
Repetição.

Talvez
Mil anjos caídos,
Em sonora aversão aos nossos delitos,
Farão ecoar pelo vasto infinito

Seus sacros divinos cânticos.

BOCA I

link da imagem ilustrativa
http://meninasmaldosas.blogspot.com/
A minha boca traz sempre na garganta
Um grito de doidice pré-moldado,
Que não é constantemente pela língua censurado.
Às vezes fere, às vezes ofende,
Apressando assim a perder a calma santa.

Tenho medo de minha própria língua,
Não me serve a desgraçada.
Mesmo tendo em minha boca sua carcaça enfiada,
Não me acata quando tento silênciá-la.
Um dia de coragem, ainda a deixarei à míngua.

BOCA II

link da imagem ilustrativa
http://meninasmaldosas.blogspot.com/
Existe em cada mundo uma boca Sempre pronta à condenar.
Mas quando tal amarga boca escura,
De quem se arma com a adaga da censura
Proferir-me alguma sentença...
"não deixarei-me jamais desanimar."

Farei que percebam com clareza
O meu desembaraço;
- Que não temo o frio do seu aço.
"Não há metal que me amedronte a carne"
"Não há mortal que me incomodea alma com sua vileza.

BOCA III

link da imagem ilustrativa
http://convictosoualienados.blogspot.com/
Não reincorporada à força
Ao corpo saqueado,
Este fraqueja ao pensamento desejado.
Deixando cair o homem,
Deixando desfazer-se a farsa.

E a cova funda
Em que permanece a língua agoniada,
Arreganha-se ao ver a dor à alma agregada.
E arreganhada, berra e baila a falsa boca,
Promulgando o seu estertor à moribunda.

Soneto as cartas-sem métrica



link da imagem ilustrativa
quandochegarosmeus18anos.blogspot.com
Todos os dias, por anos, aguardava que seu sonho
Fosse-lhe entregue por mãos estranhas.
E asssim desfizessem-lhe as teias das aranhas,
Donde morava seu único demônio.

Um dia, bateram-lhe à porta - Correio!
Correu... arrancou duas cartas da mão alheia
Com os olhos arranhados de areia.
Agradeceu, abriu, leu, que aperreio.

Viver era não tê-las aberto.
Adicionou à vida um novo perfil,
Devolveu seu amor às cartas.

Fez sua autoanálise e concluiu:
- Que envenenem os ratos e pisoteiem as baratas.
Aplicou seu creme antiruga e saiu.

ARREPENDIMENTOS

Link da imagem ilustrativa
http://natassiaportela-tudosobreamor.blogspot.com/
Hoje,
Não estou mais em seu coração.
O meu arfar não te sensibiliza mais
E os meus pedidos de perdão não te comovem,
Roubando de minha pobre alma
Toda a minha pouca guardada paz.

E nas noites que me chegam sem parar,
Choro o mais profundo arrependimento;
De quando um dia pude ter-te inteira.
De quando um dia pude abarcá-la à cintura fina
E acender, apenas com um único beijo,
O fogo de tua lareira.

De quando um dia pude fazê-la dançar semi-nua,
Sem que sentisse correr pelo teu ardente dorso
O mesmo vento frio...
Que percorre, na madrugada, as desertas ruas.

De quando um dia pude apreciá-la tão de perto.
De quando um dia pude quase tudo
E hoje é certo...
Não posso quase nada.

Agora espero ansioso por um pressentimento;
- De quando chegar a hora exata,
Te amar com mais ternura,
Com mais abrasamento.
E amar-te com a coragem de quem jamais recua.

E assim torná-la mais querida,
Mais solicitada,
Mais desejada,
E quanto mais puder fazer...
Te fazer...
Mais amada.

Discurso sobre a vida ,o amor,a esperança...

Link da imagem ilustrativa
auribertoeternochocalheiro.blogspot.com/
Não deixe que os homens o(à) intimidem com sua força...
Com suas habéis palavras,
Com seus indiscretos discursos sobre as maravilhas
Do novo mundo,
E toda a fartura que o(à) aguarda.

Não deixe que lhe acovardem
Com seus sarcásmos amorosos
E seus conceitos arrojados sobre a vida.
Nem que o(a) incomodem
Com seus sorrisos mentirosos de políticos viciados,
Que desdenham dos jovens e das prostitutas.

Não deixe que os seus sonhos
Sejam esmagados,
Que sua esperança seja ridicularizada
E que suas diretrizes sejam abaladas.

Não recue diante de seus silenciadores gritos,
De suas pancadas,de suas torturas
Não desista sem antes pronunciar-se.

Tente trasnpor todos os abismos
Mantendo sempre a calma
De quem desconhece despencadas quedas.
Não se renda aos anúncios dos agiotas,
Nem às artrites concedidas pelo tempo.

Resista à todos os empecilhos que virão
Durante a sua ferrenha caminhada.
E quando caminhar...
Caminhe ereto,
Isso a evolução garantiu aos homens,
Do mais sábio, ao mais analfabeto.

Demonstre sua força,sua garra
Mantenha escondida
Sob tua "esclerótica cara"
A neurose de tua derrota preanunciada .
Não duvide de tuas armas,
De tuas táticas,
das tuas defensivas práticas.

Não se precipete ,
Mas também não economize os seus passos.
"O sol pode não querer voltar amanhã"
Demais...preserve o seu apetite.

Recuse desde já
O convite que a morte te enviastes.
Lembre-se de todos os deuses
Quais vc pode recorrer com suas sinceras preces.
Use e abuse de todas as suas armas
Amuletos,mandigas,macumbas,feitiços,sangrias,
Danças,cantos,magias,risos,poesias...

Mas se tudo isso não basta,
Não recue ainda.
Pois temos por trás das nossas falsas faces
E dentro de nossas inocentes almas,
Outra energia.
Guardada nas alegrias que nos invade ao amanhecer do dia,
E quando liberada,
Sufoca toda a antipatia.

É do amor pelas coisas e pelos homens que falo.
Quem disse que o amor anda escasso?
Acredite,o amor ainda persiste
"E o ódio ainda anseia seu derradeiro passo".

E quando não houver mais amor
Na sua voz contida...
E você perceber que seu coração aos poucos
Está perdendo todo o vigor,

E seus olhos se espalharem pelas ruas
À procurar..mansos...
Por amparo;

Lembre-se das pessoas ao seu redor
Que te querem vivo.